Colarêntu

2014

“Colarêntu ou Banho de Beterraba” é um projeto de performance, instalação, escultura, fotografia e audiovisual. A performance demonstra o apego das autoras com o papel: Oara de Jesus e Carola Santos vivem em aglomerados de papel desde sempre, e em seus universos criativos acumulando pedaços de outros em forma de celulose. No processo de criação as pilhas de revistas e papéis são triturados em conjunto como corpo. Poéticas e fragmentos da performance: "Triturar os destinos e identidades impressas em papel, o outro pode me usar melhor do que já fui. Sem ordem objetiva, apenas colagens de vontades, as formas finais oferecidas pelas artistas são estruturas que podem ser usadas em feiras de vaidades ou em outro-lugar-não-celulose.

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Uma panela cozinhando beterrabas colhidas no quintal de carola é o viés do experimento.O suco da beterraba é a fonte de sabedoria, o papel também é a estrutura que nos dá movimento e ao mesmo tempo incomoda. As pilhas de revistas e papéis são triturados em conjunto como corpo. Triturar os destinos e identidades que vêem das palavras impressas em papel o outro é meu destino, o outro pode me usar melhor do que já fui. Sem ordem objetiva, apenas colagens de vontades, as formas finais e devem ser oferecidas pelas artistas como mais uma estrutura que devem ser usadas em feiras de vaidades ou outro. O papel me consome, mas o banho de beterraba me cura, me papietando sinto como me agride o papel e como ele vai me comendo aos poucos, e sempre foi assim, só que agora consigo me misturar com ele e criar um outro, que de algum jeito acredito estar usando ele melhor do que já foi. A mudança da forma é uma cura, aceitar as mudanças. O processo criativo em que o movimento do corpo gera o movimento da matéria prima transgride sobre ações que dizem, que falam através da interação entre corpo e matéria. A mistura de minhas células com as de um papel criam misturas em que posso oferecer para que me usem melhor do que já fui. Um quintal localizado em um bairro periférico, de uma cidade úmida, às vezes, no Sul do Brasil. Beterrabas, batata, porongos e rosa flor. No quintal acontece a fissura de papel e vontade de comer beterraba. Lá acontece que o papel me come, e ela vai virando comida de comentários em feiras de vaidade. Uma feira de vaidade é um montante de papel grudado com vários frutos de estilo. Todos os dias, todos os papéis vivem com muito amor, mas este sufoca e tenta se dilatar, mais não consegue. O papel se apresenta como papel, eu juntei todos que pude, por pura insegurança. Insegurança de não conseguir conquistar as imagens e textos em minha memória. Insegurança, que poderia de repente não ter o pedaço de um dia que passei horas bolas de sei lá o que, e que raptei um outro papel para meu significado, outro significado. Toc transtorno obsessivo compulsivo por papel e pedaços de pedaços do outro, necessidade do outro em forma de papel. A superação de um transtorno obsessivo pode estar na transformação da matéria em outro, acontece algum tipo de nascimento em meio ao processo que demonstra uma forma nova, a forma antiga se destrói naturalmente. A nova forma gera um novo sentido, e o desapego da forma antiga gera células novas. Chuveiro quente, banheiro quente: placenta. Nanquim com suco de beterraba: orgânico e desorgânico. Tomar banho de nanquim em uma placenta: pássaros no petróleo. Tingimento natural e combustível limpo: peixes saudáveis. Placenta e suco de fruta, verdura, legume: bebês livres. Algumas relações são tão marcantes que um pedaço do outro fica dentro do ser e dentro dos objetivos objetos. O combustível do tempo: o movimento. Movimento tem relação direta com os padrões de pensamento, o desapego deste padrões geram movimentos diferentes, um movimento gera outro movimento.

Performance Carola Santos Oara de Jesus Fotografia Carola Santos Oara de Jesus Audiovisual Edição de video Carola Santos Trilha Sonora Leonardo Daniel Pimentel